Uma semana antes do tempo, para
ultrapassar o jet lag, para não chegar à Índia e começar as aulas no dia
seguinte, voo para Bangalore para passar uns dias com a Tanvi e depois seguir
com ela para Norte, para a
nossa montanha.
Primeiros voos com a emirates,
escala no Dubai. Notas tomadas: eles dão muita comida… E são a primeira
companhia aérea onde vi pensos higiénicos nas casas de banho, e isso é
engraçado, tem de admitir.
Estando muito cansados porque não
são pessoas de dormir no ar (afinal eles tem aqueles ecrãs interactivos com
filmes para alguma coisa, e talvez fosse melhor começar a ler aquele livro de
inglês que era suposto termos lido no verão) e depois quiserem dormir no
aeroporto de escala (onde tem de passar 7 horas, maravilhoso, não?) e manter as
vossas coisas seguras, então só tenho uma coisa a dizer: óculos escuros. Com
reflexo. Ninguém vai perceber se estão a dormir ou se estão a “descansar”,
logo, ninguém se vai aproximar de vocês e das vossas coisas. A sério, isto
resulta. Quanto mais fluorescentes forem os óculos melhor, vai na volta
enquanto estão acordados divertem-se a olhar para a cara das pessoas a olharem
para vocês.
Chegada a Bangalore (ou
Bengaluru, poque aqui não deve haver terra nenhuma com um só nome), entrei no
país com visto, sim, mas sem o registo do ano passado, o que aparentemente é
ilegal mas não tive de subornar ninguém para fazer isso portanto não sei o quão
ilegal será realmente. Passeamos pela cidade, passei uma noite acordada (onde
fui produtiva o suficiente para escrever 2000 palavras filosóficas que era
suposto ter escrito durante as férias) e um dia a dormir, recuperar horários,
fomos pondo a conversa em dia. A Tanvi contou-me de uma estrela de bollywood
que já era consideravelmente famosa mas que subiu na carreira depois de dormir
com o Ronaldo. Fomos vendo os jogos olímpicos (sim, a Tanvi é aquela pessoa que
vivia na minha casa e que corria uma quantidade de km impressionável diária) e
o pai dela não estava porque comprou um carro novo e teve de ir a um templo
para o abençoar. Ultimas visitas, como também eu já tinha tido, tudo isso, e
partimos (no carro novo, ainda com os seus plásticos protectores todos o que,
tendo em conta as tradições nacionais, vão ficar lá eternamente).
Vídeoclipes de Bollywood sobre aventuras europeias
Primeira noite, depois de
qualquer coisa como 8 horas de carro, numa estação da força aérea (o pai da
Tanvi pertence a esse voador ramo militar). Mais uma vez, não é suposto estar
lá alguém portugês ou de outra nação qualquer sem algum tipo de autorização
superior, mas combinamos que eu não saia de casa para ninguém descobrir e
resultou. Seguimos para Mahabalashwer no
dia seguinte, a terra que em março de há algumas décadas inspirou os Beatles na
sua canção Strawberry Fields Foreves. Sem morangos, com compotas e preservas de
morango, com as plantações, mas mais que isso, só chuva. Tanta chuva que
mudámos os planos e em vez de ficarmos duas noites ficamos apenas uma e
decidimos ir para muwci na manhã seguinte.
Em Mahabaleshwar: Tanvi the tree hugger
Chegamos a um campus ainda mais
vazio que a sua metade de alunos que o vão tentar (mas falhar) encher nas duas
semanas em que estamos sozinhos. Um campus mais uma vez pintado de um verde sem
vergonha e de poças de água com habitantes que tentamos não pisar aquando da
nossa passagem, verde outra vez, esta Índia que nunca para de virar de cores,
Índia de metamorfose, borboletas (no estômago) constante. Há uma sombra dos
nossos segundos anos em todos os cantos, ainda nos lembramos de tudo o que nos
ensinaram, de como nos inspiraram, ainda não nos sentimos capazes de fazer isso
ao novo ano que chegará demasiado cedo. As últimas palavras deles ainda estão
connosco, um destino que nos deram, uma missão para nos ocuparmos enquanto tentamos
adaptarmo-nos aos recém-chegados à nossa casa e não pensar nas saudades nos que
aqui viviam antes.
“You have to be strong.”
“Mother fucking clown. Don’t waste your time
here.”
“Our little actress.”
“It’s ok, it’s going to be ok.”
...
Os gatos de uma professora
que já não está cá andam a vaguear-se por todo o lado. Os sacos que cá deixamos
cheios de coisas tem um leve cheiro a mofo que ameaça tornar-se pior não
havendo neste momento sala comum na wada 1 o que implica que tão pouco há
máquina de lavar e secar. Remexendo nisso, encontramos muitas heranças dos
nossos segundos anos, família. A minha roomie da Noruega, Ulrikke, que já viveu
na mesa casa que eu mas não no mesmo quarto chegou no Sábado às 4 da manhã e
começou a gritar e depois atirou-se para a minha cama. Entretanto, está tudo em
obras porque um monte de instalações que era suposto estarem prontas antes de
nós chegarmos não estão. Agora, deixar algum trabalho feito enquanto as coisas
estão calmas e começar a preparar a orientation week da multidão que breve
chega.
alguém chegou viva a casa ;)
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=J3jrWVp2L7U
Texto fantástico...impregnado de vivências que contagiam e dão vontadde de ir aí sentir a índia mas gostaria de continuar neste tom semi poético mas a Mariana diz que é contra tudo o que eu escrever...
ResponderEliminarBeijos do tio Zé